sexta-feira, 12 de novembro de 2010

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

"TO HELENA" DO POETA RUY BELO

“TO HELENA

Acabo de inventar um novo advérbio:  Helenamente
a maneira mais triste de se estar contente
a de estar mais sozinho em meio de mais gente
de mais tarde saber alguma coisa antecipadamente
Emotiva atitude de quem age friamente
inalterável forma de se ser sempre diferente
maneira mais complexa de viver mais
                Simplesmente
de ser-se o mesmo sempre e ser surpreendente
de estar num sítio tanto mais se mais ausente
e mais ausente estar se mais presente
de mais perto se estar se mais distante
de sentir mais o frio em tempo quente
O modo mais saudável de se estar doente
de se ser verdadeiro e revelar-se que se mente
de mentir muito verdadeiramente
de dizer a verdade falsamente
de se mostrar profundo superficialmente
de ser-se o mais real sendo aparente
de menos agredir agressivamente
de ser-se singular se mais corrente
e mais contraditório quanto mais coerente
A vida enviesada para ir-se em frente
a treda actuação de quem actua lealmente
e é tão impassível como comovente
O modo mais precário de se ser mais permanente
de tentar tanto mais quanto menos se tente
de ser pacífico e ao mesmo tempo combatente
de estar mais no passado se mais no presente
de não se ter ninguém e ter em cada homem um
                  Parente
de ser tão insensível como quem mais sente
de melhor se curvar se altivamente
de perder a cabeça mas serenamente
de tudo perdoar e todos justiçar dente por dente
de tanto desistir e de ser tão constante
de articular melhor sendo menos fluente
e fazer maior mal quando se está mais inocente
é sob aspecto frágil revelar-se resistente
é para interessar-se ser indiferente
Quando helena recusa é que consente
se tão pouco perdoa é por ser  indulgente
baixa os olhos se quer ser insolente
Ninguém é tão inconscientemente consciente
tão inconsequentemente consequente
se em tantos dons abunda é por ser indigente
e só convence assim por não ser muito convincente
e melhor fundamenta o mais insubsistente
Acabo de  inventar um novo advérbio:  helenamente
O mar a terra o fumo a pedra simultaneamente

Retirado de  “ O TEMPO DAS SUAVES RAPARIGAS E OUTROS POEMAS DE AMOR” de Ruy Belo (Ed. Assírio &  Alvim)

sexta-feira, 5 de novembro de 2010



Esta Janela que te põe de mal com o Mundo
Um dia será Aberta
E o teu grito
Rasgará a Noite do Desespero
E eu estarei
Aqui
Embora Longe,
Perto para te dar o meu sorriso
Pleno,
Cheio,
da Amizade de tantos anos
Cúmplices
Desse sofrimento que
Por fim
Será Nada!

sobre o Absurdo
da Ignorância!

Amiga,
Também eu estou à Janela
Aberta ,
Te esperando,
Até Sempre!